Uma peça não se faz apenas com um texto pronto e o desejo de subir ao palco. Cada ator deve minimamente compreender, dar luz e dialogar com o processo da produção, a fim de que suas forças se somem ao que é idealizado por seus organizadores. Como, então, o elenco percebe a peça deste ano?
Laura Pacheco diz o seguinte: “Vejo uma peça bem estruturada e legal de fazer. No decorrer do processo de construção, tivemos oficinas que agregaram muito conhecimento e técnicas para representamos da melhor forma possível uma cultura diferente da nossa. As músicas são muito importantes para o entendimento da narrativa como um todo: as traduções foram estudadas para facilitar o entendimento e para construir as coreografias. Joshua em perigo é uma peça que fala de assuntos delicados, mas sempre com reflexões igual todas as outras peças até agora.” Mari Wagner corrobora: “Joshua em perigo foi uma escolha certeira do diretor. A narrativa é super interessante abordando a cultura mulçumana, e as cruzadas… Os personagens são cativantes (muitas vezes engraçados) e o elenco se encaixou perfeitamente nos personagens.”
Para além do que é visto e desenvolvido, Cecília Gandin mostra que há mais elementos que envolvem seu sentimento sobre a narrativa: “Me sinto muito conectada com a história. Sou apaixonada pelo rock e as músicas do álbum me encantam profundamente. O enredo possui camadas de informações e sentimentos que valem a pena serem sentidos. É divertido, dramático, clássico mas ao mesmo tempo moderno e inovador. É tudo de bom num lugar só.” Para Rafaela Krieger, o sentimento é próximo: “A peça é absolutamente completa. Para mim, trabalhar com música e dança no teatro é uma experiência nova, mas muito linda. As músicas são repletas de emoções e fazem parte da história. A trilha sonora é bonita e emocionante, e mostra lados dos personagens que nem sempre um texto é capaz de mostrar ao público. Além do mais, o próprio texto Joshua em Perigo é forte e importante. Essa peça é uma história reflexiva, que com certeza acarretará em novas formas de pensamento para a plateia. Os personagens são outro desafio para o elenco, visto que representaremos uma realidade bastante diferente da nossa, mas tenho certeza que esse grupo tem muito potencial.”
Já para Renato Freitas Neto, a reflexão sobre a temática é importante: “Eu vejo como uma peça que carrega várias dúvidas sobre a nossa crença, sobre destino, e com personagens incríveis, cada um com papel importante para a história, mostrando os seus pontos de vista sobre o que acreditam.” Na mesma linha, Pedro Corrêa vê um nível aprofundado de reflexões: “Trata-se de um convite para uma releitura de nossas percepções e estigmas sobre a Idade Média e nossos heróis, estes que são sempre a partir do ponto de vista eurocentrista. Nessa peça são abordados com uma segunda visão: a dos povos muçulmanos. Ademais, desenvolver-se-á uma reflexão sobre o que move essas conquistas por parte das entidades religiosas, na história, em especial as da Igreja católica, será mesmo que a fé é a principal razão para tal ou conflitos internos e metas pessoais acabam sendo colocadas em mesa acima da fé e embate à ela?”. Na mesma alinha, arremata Amanda Vasconcellos: “É uma peça que vai fazer a audiência se questionar sobre os líderes que seguem, sobre o quanto esses líderes realmente se importam com seus seguidores e o quanto se importam apenas consigo mesmos. É feita com diversos personagens com personalidades bem variadas, e uma trilha sonora que, apesar de difícil de entender de primeira, faz um casamento perfeito com a ideia da peça.”
Joshua em perigo tem, até o momento, três apresentações confirmadas: dias 28 e 30 de outubro, respectivamente nos colégios Rainha do Brasil e Nossa Senhora da Glória, em Porto Alegre; no dia 24 de novembro, a versão final da peça, no Teatro do SESC. Os ingressos para a última apresentação serão disponibilizados a partir de 1º de outubro.